.

.

AOR, Hard Rock, Melodic rock

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

ROCKIN' INTERVIEWS - SILENT

Olha aí que entrevista legal para o Natal de 2015! A banda carioca SILENT tem muita história no hard rock/aor brasileiro e já estava devendo um novo trabalho há pelo menos 15 anos! Em 2013 conversei com a banda (confira entrevista aqui) quando eles estavam preparando seu retorno. Naquela ocasião, falamos sobre o início de tudo, suas formações, trilhas em novelas, as gravações e lançamento do primeiro álbum, até o momento em que a banda retomava os trabalhos. Agora, a banda retorna à cena com um belíssimo álbum chamado "Land of Lightning". Lançado em Novembro deste ano, o novo trabalho mostra muita criatividade, competência e vem recheado de músicas marcantes com excelente qualidade de gravação. Com certeza trata-se de um dos melhores trabalhos do gênero já lançados no Brasil. Aproveitei a ocasião para conversar novamente com a banda e saber mais das composições, da gravação e vários outros detalhes dessa nova fase.
Espero que gostem! (Denis Freitas)


ENTREVISTA - SILENT

Primeiramente, é um prazer tê-los novamente na página. Lá se vão mais de dois anos desde nossa primeira conversa. Na época, a banda estava retomando os trabalhos, mexendo em demos, revisitando gravações e ideias antigas, testando músicos. Levando em conta tudo isso, mais as dificuldades de se gravar hard rock no país, achei até que saiu rápido o novo álbum. Qual a sensação para vocês? Como souberam qual era o momento ideal para lançar o “Land of Lightning”?

Tilly: Denis, o prazer é todo nosso voltar a conceder uma entrevista para você. Que bom que você resolveu voltar a escrever no blog, estava sentindo falta de ler suas entrevistas. Bom, esse álbum pode parecer que saiu rápido, mas, foram meses e anos de muito trabalho e dedicação. Nós começamos revisando algumas ideias e músicas, mas antes disso reviramos todos os baús possíveis atrás de músicas antigas, que não fizeram parte do “The Bright Side”, ouvimos e as gravamos.  Isso foi fundamental para voltarmos a nos conectar com a banda. Quanto ao “Land Of Lightning”, eu particularmente achava que sempre estava faltando uma música, que precisávamos de uma música “X” ou “Y”, mas à medida que o Gustavo foi finalizando as músicas dava para ver que tínhamos um álbum bem consistente. O Gustavo colocou um deadline e assim foi. Se dependesse de mim, estaríamos fazendo o álbum até agora (risos)

Gus: O primeiro estágio foi chegar à sonoridade, principalmente o som da bateria. Nós gravamos no meu “home studio”, que no caso é um escritório bem grande na casa onde eu moro. Batizamos o estúdio de Naked Butt em homenagem a um quadro que tenho no estúdio e, quando conseguimos tirar o som que queríamos da bateria, que levou quase um ano, começamos as gravações do “Land”.

A que se refere o título “Land of Lightning”?

Gus: É uma música que compus em parceria com James Rose quando eu ainda morava nos EUA, por volta de 2004/2005. Jim é um poeta e escreve com uma profundidade com a qual me identifico muito. Ela foi uma das primeiras a adotarmos para o novo álbum e achamos o nome muito forte e de certo modo no contexto do que a banda é.

Capa do novo álbum "Land of Lightning"

Gostei muito de “Land of Lightning”. Quando comecei a ouvir, parecia estar ouvindo outra banda, com uma cara diferente e gostei bastante. Algumas coisas me chamaram a atenção. A gravação e mixagem são muito boas, as letras mais maduras e o álbum soa bastante homogêneo. Qual a opinião de vocês?

Tilly: Sem dúvida esse álbum é muito diferente do primeiro, mas acho natural e bom que tenha saído diferente, era uma outra época, com certas influências. Com o passar do tempo ouvimos coisas diferentes, a própria vida fez com que a gente encarasse e olhasse de forma diferente para tudo. Alguns casaram e tiveram filhos, outros se separaram, houve um amadurecimento natural. O SILENT sempre foi uma banda de 2 guitarras e no “The Bright Side” meio que ficamos empolgados com o timbre do teclado. (risos) Não que eu não goste do álbum, mas, se tivéssemos oportunidade de remixá-lo, sairia um pouco diferente.

Alex Cavalcanti: Creio que seja o reflexo da nossa maturidade e da forma como nos relacionamos com a música hoje em dia. Em “Land of Lightning“, nós buscamos fazer o som que realmente gostamos de tocar e ficamos muito felizes com o resultado final do álbum.

Gus: Grande parte da identidade do álbum são as letras e a despreocupação com a identidade. As composições fluíram naturalmente, porém os arranjos foram todos feitos durante as gravações, e isso tem muito a ver com o resultado. Tivemos que colocar muita alma enquanto gravávamos e tínhamos que confiar muito uns nos outros. Muitas músicas só descobrimos como eram depois de mixadas.

Douglas Boiago: A sonoridade de nossas músicas está diretamente ligada ao que vivemos nos dias atuais, claro que permeada pelas nossas referências. As letras são inspiradas e "uplifting", acho que a maturidade, na composição do Gustavo, faz com que ele compartilhe muito mais seus objetivos como ser humano. A qualidade sonora do trabalho final é graças ao nosso amado Gustavo Andriewiski que manda muito bem na mixagem, mas, acima de tudo, nós como banda somos grandes amigos, buscamos sempre a harmonia em todas as frequências.

Gustavo. Você produziu, gravou, masterizou e mixou o álbum, além de ter composto músicas e letras, cantado, tocado guitarra e teclado. Acho que merece receber maior cachê (risos). Em algum momento pensou em se afastar um pouco por cansaço ou achou que deveria se envolver menos?

Gus: Eu amo o que eu faço, então de certo modo, fazer o álbum me “descansava”. É logico que o meu cachê é de 1 milhão e o da galera é de 999 mil, mas eles estão felizes.

Falando um pouco de letras agora, parece-me que você gosta bastante de tratar de existência, espiritualidade, relações humanas e impressões diversas sobre o mundo. Quais suas maiores inspirações para escrever: filosofias e teorias ou acontecimentos pessoais?

Gus: Um pouco de tudo o que citou. Eu estudo e vivencio a espiritualidade em níveis muito íntimos. Acredito profundamente que estamos passando por profundo despertar e que todo o caos e extremismo que vemos no mundo de hoje é um último esforço das sombras que todos carregamos em se manter na ilusão da desigualdade e separação. Já já acordaremos em definitivo e começaremos a reconstruir uma existência permeada pelo amor, longe do medo, focados em nossas semelhanças e logo, diminuindo nossas diferenças.


A quinta faixa, “Numb”, empolga demais, mostra uma cara diferente do SILENT. Com vocais mais rasgados, guitarras mais pesadas e clima bem sério. Para mim é a melhor do álbum. Como surgiu a música? E a letra, trata-se de alguma crítica? Qual a intenção?

Gus: A origem é um riff de guitarra que eu fiz ainda nos anos 80. Sempre quisermos usar esse riff mas nunca havíamos encontrado uma oportunidade. A letra é em parte fruto da minha inclinação por teorias conspiratórias. Eu havia me mudado para os EUA 2 semanas antes do 11 de Setembro. E quando vi aquilo acontecendo imediatamente tive uma sensação na boca do estomago, a sensação de que havia algo oculto por trás daquilo. Na época eu não era ligado em conspirações nem nada do tipo. A letra fala sobre como nossa apatia e sede por tragédias sustentam a nossa visão do mundo, que, enquanto nos fere profundamente quando experimentamos na pele suas dores, pela televisão ou pela internet, de um modo invertido e sombrio, nos entretêm.

Qual ou quais são as músicas mais novas que entraram no álbum? Sei que tem ideias e músicas mais antigas. “Gravity” e “Dancing in the morning light” me fazem lembrar do primeiro álbum, quando foram compostas?

Tilly: A “Gravity” foi composta em 2012, porém, foi uma das que mais demoraram a sair, mudamos andamento, refrão pelos menos umas 3 vezes, melodias...essa deu trabalho e correu sério risco de ficar de fora. A “Dancing In The Morning Light” tem uma história curiosa, ela foi feita para nossa antiga banda REPPLICA, que cantava em português e tinha como componentes eu, Gustavo e França, mas, só tinha a melodia e o instrumental, pois o Gustavo não conseguia fazer a letra. Nós gravamos e deixamos encostada. Quando começamos a preparar o disco do SILENT, o Gustavo fez a letra em inglês e gostamos bastante do resultado. Porém, achamos que não se encaixaria no álbum, achávamos ela muito diferente. Quando o Gustavo aprontou 4 músicas, vimos que ela teria lugar no álbum. Então eu regravei a batera, o Gustavo a guitarra e o Douglas gravou o baixo e mantivemos a guitarra do França. (Nota: Alexandre França foi guitarrista da banda, faleceu em 2011)

A locação do vídeo de “Around the Sun” na cidade maravilhosa é muito legal. Pode falar um pouco sobre o local e como ocorreu a escolha dele?

Tilly: Como tudo nessa banda acontece meio que por acaso, a locação não poderia ter sido diferente.
Nós temos um vídeo editado com takes da gente gravando a música e esse seria o clipe, mas o Gustavo queria acrescentar uns takes da gente tocando com o pôr do sol ao fundo, então eu fui falar com um dos donos onde trabalho se eu poderia usar o telhado para fazer uma filmagem rápida e ele me perguntou: Você não prefere o terração do Centro Empresarial Mario Henrique Simonsen? (Nota: O prédio fica na Barra da Tijuca com uma bela vista do Rio de Janeiro)



Gostei muito das guitarras, dos timbres e do peso que deram para o álbum, deixando com uma cara mais moderna. “Numb”, “The One Within” e “Home” mostram bem isso. Sei que você acompanha as novas bandas e sempre está ouvindo algo novo. Você costuma mostrar algo para a banda ou tenta incorporar na música de alguma forma? Quais bandas costuma ouvir hoje em dia?

Tilly: Eu sempre mostro o que eu estou ouvindo para o Gustavo. Sempre que algo me chama a atenção, tento usar nas músicas. Algumas bandas me chamaram a atenção como: H.E.A.T e ECLIPSE para ficar no campo do AOR/Hard, não podemos esquecer de TOTO, que está com um disco muito bom, DEF LEPPARD, F.M, TRIXTER,  puts, são tantas bandas que lançaram disco ultimamente. Mas tem algumas que são rock, mas, não necessariamente hard que me chamaram muito a atenção, BLACKBERRY SMOKE é uma delas, o outro seria o último disco do KID ROCK. Agora tem um cara que eu já curtia e estou me tornando cada vez mais fã, que é o DAN REED, tem lançado discos excelentes. Já que você citou essas 3 músicas do SILENT, vou contar algumas curiosidades sobre elas. Numb", o riff inicial dela vem de  uma música da primeira banda que tive com o Gustavo, ele apenas mudou o tom. Foi a última música feita e gravada e também a única que contou com nós 4 ensaiando e arranjando. The One Within”, quando o Silent esboçou um segundo disco em 2004, o França aprontou 2 músicas e mandou para o Gustavo colocar a melodia e letra, daí nasceu a “Blindness”. Com o álbum todo gravado e faltando 2 dias para o nosso deadline, o Gustavo resolveu mudar a melodia e letra da “Blindness”, o resultado foi “The One Within”. Home”, eu ficava dizendo para o Gustavo que o disco teria que ter mais uma música com um riff de guitarra e ele veio com essa.

As três primeiras músicas do álbum são bem melódicas e com clima mais pra cima. E, coincidentemente (ou não?), após a faixa “Gone” - que usa “goodbye”, vem a faixa “Hello Hello”. Essa música gruda logo na cabeça e nela é possível notar as diferentes camadas com diferentes elementos percussivos e teclados, principalmente no refrão. Pode comentar que instrumentos foram usados nela?

Tilly: As músicas são bem para cima mesmo, foi uma coincidência isso de Goodbye e "Hello, Hello" e logo após tem a “Bye Bye Superman” (risos) O Gustavo comentou que ele gostou bastante de como ficou a mix da “Hello, Hello”. Nela eu usei alguns instrumentos de percussão: maracas e pandeiro. Na intro tem muita coisa rolando, tem guitarra fazendo o tema, um teclado com um som bem esquisito fazendo esse mesmo tema e o Gustavo fazendo com a voz também, o resultado disso tudo junto mais as percussões ficou bem bacana. 
Gus: É minha mixagem preferida, junto com "Numb"


Esq.- Alex Cavalcanti (guit.), Gustavo Andriewiski (vocais/guit.), "Tilly" (bateria) e Douglas Boiago (baixo)

Alex Cavalcanti (guitarra) e Douglas Boiago (baixo) fazem parte agora da nova formação da banda. Podem contar um pouco da história de vocês na música e como surgiu o convite para entrarem para o SILENT? Já conheciam o trabalho da banda? Quais suas influências?

Alex Cavalcanti: Sou guitarrista há 30 anos e já toquei com diversas bandas e artistas. Eu já conhecia o pessoal do SILENT antes mesmo da sua fundação. Acompanhei as primeiras gravações da banda e até participei rapidamente de uma das formações em 1994. Minhas influências são: QUEEN, DEEP PURPLE, LED ZEPPELIN, JIMI HENDRIX, VAN HALEN, BLACK SABBATH, RUSH, etc.

Douglas Boiago: A música me foi apresentada através da igreja, cresci entre músicos e coros vocais. Sou baixista há 15 anos, tocando em bandas e bares. Conheci o Gustavo nos anos 2.000 nos Estados Unidos, onde tocamos juntos e nos tornamos grandes amigos desde então. O convite veio quando decidiram retomar a banda, e com muito orgulho e prazer aceitei o convite.
As minhas referências musicais são um pouco diferentes dos demais, tenho uma década de diferença na idade (risos). Minhas influências são: BREAKING BENJAMIN, SWITCHFOOT, LIFE HOUSE, THREE DAYS GRACE, CREED, PERFECT CIRCLE, FUEL, SOJAH, BOB MARLEY, DJAVAN, entre outros. Eu gosto de Reggae e música brasileira também, inclusive uma boa moda de viola.

Vocês tem conseguido espaço para tocar no Rio de Janeiro? Quais os planos daqui para frente?

Tilly: Os espaços aqui no Rio são muito limitados, principalmente para bandas autorais e em re- início de carreira. Os que abrem para estes tipos de banda são muito underground. Os planos para o futuro são: ensaiar bem as músicas, montar um show e sair tocando por aí. Fazer uma mídia física do disco, pois tem muita gente que quer o cd. Para eles não basta poder ouvir as músicas, tem que ter o disco na estante, tem que poder manusear o encarte, ler os créditos, etc. Eu sei muito bem como é, pois sou assim (risos)
Gus: Temos também a produção de mais 2 ou 3 videoclipes e estamos buscando espaços fora do Brasil onde a cena é mais forte.

Confira mais sobre a banda nos canais abaixo: 


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

ROCKIN' INTERVIEWS - CESAR GAVIN


      Se você quer conhecer mais sobre música produzida no país, a história do rock nacional e seus personagens, assista no Youtube o programa Vitrola Verde apresentado por Cesar Gavin, que também é produtor musical, radialista, professor e palestrante. Cesar cresceu vendo e participando da formação de várias bandas emblemáticas do rock nacional e em seu programa costuma esmiuçar a vida do entrevistado, extrai fatos peculiares e, de uma forma até didática, faz com que tudo seja contado em ordem cronológica, de acordo com a discografia, trabalhos e acontecimentos marcantes. Entrei em contato com Cesar para falarmos um pouco mais de sua vida e sobre rock nacional. Espero que gostem! 
(Denis Freitas)      


ENTREVISTA - Cesar Gavin


Fala Cesar, tudo bem? Primeiramente, é um prazer poder trazer um pouco da sua história e conhecimento de rock aqui para o Brazil Rock Melody. Você é daquele cara que sempre quer saber de notícias de música a todo o momento? De que forma você se atualiza?

Eu que agradeço! Vivo e respiro música desde sempre. Tenho fascinação por curiosidades da música. Leio livros, revistas, ouço muito meus discos, ouço música em streaming, rádios internacionais por app e também recebo muito material por causa do meu programa, o Vitrola Verde. As pessoas me enviam diariamente.



Sei que você já participou de diversos trabalhos no meio da música. Quais dos seus trabalhos você destacaria?

Tenho orgulho de vários trabalhos, mas destaco meu trabalho na extinta gravadora Trama como Gerente Artístico, Produtor Musical e Produtor Executivo. 

A Trama surgiu em 1998 com uma proposta muito legal, dando oportunidades a diversos artistas de vários estilos. Como era o clima no trabalho? Que bandas ou artistas te chamaram a atenção na época?

Trabalhar na Trama foi algo fora do padrão nacional. Estávamos no Brasil, mas não estávamos, entende? Lá o artista era tratado como artista, isto é, respeitava-se a sua obra, a sua arte. Era único, sem contar a estrutura toda montada, como por exemplo o “Núcleo de Moda e Imagem”, que cuidava do figurino, da arte da capa dos discos e todo o visual do artista. Foi o único lugar que trabalhei em que todos entendiam de música, não é genial? Eu sempre digo que muitas vezes, me sentia em Londres trabalhando lá (risos). Quanto a contratação dos artistas, acho que erraram muito. Por outro lado, produzi o último álbum de carreira do Paulinho Nogueira (um dos precursores da Bossa Nova); trabalhei com artistas incríveis como Duofel, Tom Zé, Kid Vinil, Jair Rodrigues, Cesar Camargo Mariano, Fernanda Porto, Ed Motta, Inezita Barroso e alguns da nova geração (naquela época): Wilson Simoninha, Max de Castro, Pedro Mariano, Jair Oliveira, entre outros. 
(Confira os trabalhos de Cesar neste link: http://www.cesargavin.com/#!fonogrfica/c17h )

Qual sua intenção com o programa Vitrola Verde? Ele está somente no YouTube, certo? Quais entrevistas foram as mais especiais?

Minha intenção é levar ao público curiosidades de artistas fantásticos que estão fora da mídia no momento. Por enquanto, o programa está no YouTube. Pretendo expandir, talvez para uma emissora de TV. Encontrei nele um segmento que falta no mercado: artistas de rock brasileiro, principalmente dos anos 70 e 80. Foram várias entrevistas especiais. Cito duas: dos cantores Ciro Pessoa e Percy Weiss.


Cesar entrevistando Ciro Pessoa da banda CABINE C e um dos membros fundadores dos TITÃS

Você passou a infância e adolescência vendo a maior banda de rock do Brasil, em minha opinião, se formar e evoluir. Você percebia a imensa capacidade criativa dos TITÃS lá no início?  Afinal, a banda fez e ainda faz inúmeros hits e é dona de uma discografia muito rica com elementos musicais distintos incorporados ao rock.  Tem algum fato da criatividade da banda que possa nos contar?

Tive a oportunidade de ver e assistir de perto várias bandas se formarem e acompanhei toda a trajetória, desde criança mesmo. Motivo que interferiu na minha formação. Eu tinha 12 anos de idade e o IRA ensaiava na minha casa. Você acha que eu saia para brincar? Não. Preferia vê-los compor as músicas que mais tarde virariam repertório do primeiro até o quarto álbum deles. Quanto aos TITÃS, acompanhei toda a trajetória do grupo. Vi diversos ensaios em toda a carreira, mas ressalto o período das composições do que seria o álbum “Cabeça Dinossauro”. Era mágico! Era cru, era agressivo, era “sujo”. Tinha “riff”, tinha peso, somado às letras com conotação relacionada com a nossa sociedade. Família, polícia, Estado, capitalismo, etc. Houve ainda tempo de eles inserirem um espírito de porco na “temática”. E o melhor: um novo arranjo para “Bichos Escrotos”, faixa que eles tocavam no começo de carreira. Outra coisa bacana foi trabalhar no álbum “Titanomaquia” e ver o produtor Jack Endino (produtor do NIRVANA) tirar aquele puta som no disco. Foi uma escola de vida. Uma escola de Rock!

Considero seu irmão um dos grandes bateristas do Brasil e vê-lo sair dos TITÃS foi bem estranho, pois sua pegada na bateria era marcante no som da banda. O que passou pela sua cabeça quando ele decidiu sair da banda? Você tentou faze-lo mudar de ideia?

Eu e o Charles (Charles Gavin, ex-baterista do TITÃS) somos muito amigos e, por isso, confidentes também. Ele vinha conversando comigo sobre o assunto há 3 anos antes de sua saída. Não foi fácil. Como largar aquela história brilhante? Porém, o desgaste da estrada é cruel. Digo isso porque trabalhei com eles por quase 5 anos como roadie e não aguentei mais. Imagine o Charles fazendo isto por 25 anos? Naqueles anos que antecederam a sua saída, ele mencionou que queria passar o “bastão” para um outro baterista que pudesse decentemente levar a obra que ele construiu com os TITÃS. Foi aí que neste momento, indiquei o Mario Fabre, um grande amigo que também tinha tocado comigo na BALA DE PRATA (de 1989 a 1991 - https://youtu.be/hNtS8uNFQss ). O Charles adorou a ideia e conversou com a banda. O Mario foi fazer o teste e, claro, “quebrou tudo”. Os dois bateristas tem o estilo completamente diferente, mas o Mario se adequou aos Titãs de uma outra maneira. Acho que virou outra banda. E tinha que ser assim, pois o Charles saiu e o som mudou. Mas o interessante desta história toda, não é só a “transição”. Meu irmão mostrou o grande caráter que tem. Honrou todos os compromissos artísticos e administrativos com a banda. Honesto e ético. E nesta mudança, pra mim, foi uma grande satisfação ver um dos meus melhores amigos substituir meu irmão. É muita emoção junta. O melhor foi o encontro deles no Titãs 30 anos. Todos ficaram bem e eu mais uma vez pude contribuir.


   Mário Fabre, Cesar e Charles Gavin

Você ainda possui banda? Quais instrumentos você toca?

Hoje em dia, não toco nada. Tive várias bandas, nas quais eu tocava baixo. Aprendi a tocar bateria quando fui roadie dos Titãs porque tinha que passar o som. (Aqui você pode ver Cesar tocando bateria: https://youtu.be/Cj3BwiSvZIU )


César nos tempos do BALA DE PRATA

Muito obrigado por falar para a página. Para terminar, que bandas de rock nacional atuais você conheceu ultimamente e destacaria?  Fique à vontade para deixar seu recado. Grande abraço!

Gosto do TOMADA, ROCK ROCKET, KAMBOJA, BARANGA, FINHO. EST (Scandurra e Tape), Tatá Martinelli, Ana Canãs e muitos outros. Meu recado? Que a arte perdure!


Conheça mais do trabalho de César nos links abaixo:
http://www.cesargavin.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

BRM RETORNANDO COM NOVAS IDEIAS E ÓTIMAS ENTREVISTAS EM DEZEMBRO


NOVAS IDEIAS

O período de pausa nos trabalhos da página serviu para diversas reflexões a este que vos escreve. 
Após intenso trabalho de entrevistas com artistas de várias partes do mundo nos anos de 2013 e 2014, falando na maioria das vezes de hard rock e melodic rock, vieram o cansaço físico da edição e de tudo que envolve uma página e cansaço mental ao ouvir diariamente álbuns de bandas tentando soar como um JOURNEY, um WHITESNAKE ou um DEF LEPPARD.

Outra reflexão tem a ver com a vontade de falar da nossa música, das nossas bandas que cantam em língua portuguesa, afinal, a página leva Brasil no nome. Por um motivo de estética, eu não costumava tratar de bandas de rock nacional aqui na página, para não misturar as coisas. Bobagem. A partir de agora, as bandas de rock nacional, tão carentes de espaço na mídia, também aparecerão por aqui. Além disso, outros estilos de rock irão pintar por aqui, afinal, música é arte e a arte sempre terá preferência! 

Agradeço a todos que até hoje passaram por aqui para ler algo sobre sua banda preferida ou sobre seus estilos preferidos. Os estilos tradicionais da página não serão esquecidos, mas irão conviver com outros estilos e outros artistas no BRM.

ENTREVISTAS DE DEZEMBRO

Para dar início a esta nova fase da página, trago aqui em poucos dias uma entrevista super interessante sobre rock nacional com CÉSAR GAVIN, que é produtor musical, apresentador, radialista, professor e palestrante. Enfim, um cara que respira o assunto. 

E de presente de Natal, nossa querida banda brasileira de hard rock, SILENT, falará sobre seu novo e belíssimo álbum "Land of Lightning", dando detalhes de sua concepção e gravação, bem como sobre a sua nova fase.  


quinta-feira, 5 de novembro de 2015