Fala Rockers! Na sequência da série de entrevistas "Brazilian Rockers" (dando o devido reconhecimento aos músicos brasileiros que estão se destacando no Brasil e no exterior) temos Dario Seixas. O ex-baixista do FireHouse está atualmente no Jack Russell's Great White e tem uma história de vida muito legal, de muita ralação e conquistas, que até daria um belo filme. Entrei em contato com Dario, que hoje reside em San Diego, na Califórnia, para saber mais sobre sua vida e projetos. Dario gosta bastante de conversar e, como eu gosto de ouvir histórias, o papo foi bem longo. São quase 3 horas de conversa condensadas aqui. Apesar de falar um Inglês perfeito, este excelente baixista brasileiro ainda carrega o sotaque de Niterói e, às vezes, esquece uma palavra ou outra em Português, mas nada que atrapalhe. Espero que gostem! (DENIS FREITAS)
CHEGADA EM ATLANTA
Lembro que, há cerca de
dez anos, fiquei sabendo que você tinha entrado para o FireHouse e na época
pensei: “Cara, que legal! um brasileiro no FireHouse!” Foi muito legal ver aquilo, deu um certo
orgulho, ainda mais porque o Brasil sempre se destacou no Rock em outros estilos, por causa do
Sepultura e Angra. Porém, no Hard Rock é mais raro.
Lembro que antes de vir para os EUA, vi uma matéria sobre um guitarrista brasileiro que
estava tocando no Simply Red, Heitor T.P. Não conhecia o cara, mas fiquei inspirado. O cara estava em uma banda gigante,
um brasileiro!
Vim para cá sozinho com 19 anos, com 300 dólares no bolso. Eu
tocava em uma banda no Rio e sempre conversava com meu amigo sobre ir para os
EUA onde o hard rock era forte, por volta de 1988. Na época, ninguém queria
saber de hard rock no Brasil, eu era o único que andava de calça rasgada e
cabelo comprido. Entrava no ônibus e todo mundo olhava. Meu estilo de roupa e
de vida era muito diferente para o Brasil, e nos EUA era normal, as bandas
faziam sucesso. Então pensei: “É para lá que
eu tenho que ir”. Eu tinha uma amiga, ela era empresária de banda e fiquei
sabendo que ela tinha voltado dos EUA, isso por volta de 1990. Um dia eu a encontrei em
um ônibus em Niterói, ela estava lá visitando. Pedi umas dicas a ela sobre como
ir para os EUA. Ela ofereceu para eu ficar na casa dela, mas ela iria partir em
uma semana! Eu não tinha passaporte, não
tinha visto. Consegui em uma semana fazer tudo isso e cheguei lá com 300 dólares.
No começo eu não tinha dinheiro para nada, entregava panfleto de porta em porta
e nem baixo eu tinha. Juntei dinheiro e a primeira coisa que comprei foi um
baixo. Tenho ele até hoje, não queria nem saber a marca, mas tinha um ótimo som
e era bem legal.
Chegamos na casa e ela morava com um namorado. Encontramos tudo
bagunçado, quebrado, parecia que um furacão tinha passado por lá. O que
aconteceu foi que o namorado dela havia descoberto que ela saiu com o irmão
dele e detonou tudo. Aí nós ficamos sem lugar para morar (risos). Por sorte, um
amigo dela ofereceu sua casa para ficarmos. O cara foi
muito legal.
Se alguém tivesse me
falado, “você vai para os EUA e vai ralar por treze anos até entrar para uma
banda boa”, eu não teria ido (risos). Foi muita ralação, se soubesse que iria
ficar aqui todo esse tempo longe da família, dos amigos, teria ficado e
estudado engenharia ou coisa do tipo. Terminei o colegial e vim.
Falava muito pouco inglês, foi uma experiência difícil. Fiz
aula de Inglês no Brasil, mas na prática é muito diferente, as pessoas falam
muito diferente do que te ensinam. Demorou um pouco para pegar o jeito.
PRIMEIRAS BANDAS
Quais foram, resumidamente, suas primeiras bandas até entrar para o FireHouse?
First Wish |
Um dia peguei um jornalzinho, desses que entregam na rua, em supermercado, com anúncios de bandas que precisavam de gente para tocar, era mais complicado na
época, não tinha Internet, nem celular. Acababei conseguindo entrar para uma banda muito boa, os
caras tocavam muito bem. Começamos a tocar bastante, fizemos vários shows no
sudeste dos EUA, era uma banda de covers, isso foi em 1990 e 91. O nome da
banda era First Wish. Mas acho que faltava
um vocalista de presença, no fim a banda se separou. Após um tempo, recebi uma ligação de uma amiga me dizendo que
tinha uma banda precisando de um baixista, gravei um solo e eles gostaram. Era
uma banda de Minneapolis chamada Strickland.
Strickland |
JAM SESSION COM STEVE VAI
Você chegou a fazer uma audição com o Steve Vai? Como foi?
Mudei-me para Los Angeles. Descobri que um amigo meu, Marcelo Gomes, de
Niterói, estava trabalhando como engenheiro do Steve Vai. Um
dia ele me ligou e perguntou se eu queria tocar com o Steve, pois ele estava
procurando por um baixista. Mais tarde, a manager dele me ligou e marcamos uma audição. Ela
somente disse para eu ir até lá e fazer uma jam com ele. Eu não conhecia tudo dele, no dia seguinte
saí, comprei um cd dele e comprei um baixo novo. Tinha um dia para aprender algumas
músicas e no dia seguinte fui lá para o estúdio. Andando por lá escutei uma
música, pensei: "conheço essa música", era o Quiet
Riot com a formação original tocando "Metal Health"! Abre a porta do estúdio, sai o Rudy Sarzo e vem em minha direção. Ele se apresentou e perguntou se o Steve
estava ali, respondi que sim. Ele entrou e perguntou “é aqui que estão fazendo
audição para baixista?” (risos) Os dois se cumprimentaram, então o Steve
se apresentou para mim, falou para eu me preparar, afinar e avisar a ele quando
estivesse pronto. Eu estava ali fazendo
uns slaps, verificando agudos e
baixos e vi um vulto passando. Era o Steve, ele pegou a guitarra e pediu: “toca aqulio
que você tocou agora”. Eu disse que não estava tocando nada, nem sabia o que eu estava tocando (risos). Mike
Mangini (Annihilator/ Extreme/ Dream Theater) na batera eu e o Steve no
estúdio! Aí começamos a tocar, ficamos uma meia hora tocando, improvisando... depois o Steve
me sacaneou e jogou uns acordes loucos para mim (risos). Ele disse que gostou bastante e perguntou
como estava minha agenda. Fiquei no top 3, mas no final ele acabou não escolhendo
ninguém e ficou com o baixista que já estava na banda, que era amigo do Mike. Comprei um gravador para registrar nossa jam, mas estava tão nervoso que até
esqueci de gravar (risos).
FIREHOUSE
Como foi sua entrada para o FireHouse? Talvez ali tenha sido o grande momento de sua carreira até então...
Eu tocava com todo mundo e queria fazer meu nome, fiz audição
para vários projetos, até de outros estilos. Apareceu a oportunidade de sair em
turnê com uma banda que estava abrindo para o RATT, O Amsterdam. O legal da tour foi que o baixista do RATT na época, Robby Crane, gostou muito de mim, ficava assistindo
nosso show para me ver tocar. Eu sempre pratiquei a música e a minha
performance. O Robby gostou de mim e disse que eu deveria estar em uma banda
melhor. Ele me deu seu telefone e me pediu para entrar em contato. Liguei e
ele me colocou em uma ligação conferência com o manager do LA Guns, que no fim disse que já tinham achado um baixista. Porém, percebi que Robby estava falando sério e queria mesmo ajudar. Mantivemos contato , aí um ano depois
ele me ligou e disse que tinha uma banda que estava procurando um baixista. Disse que tocavam bastante, eram bem profissionais... Por fim, disse que era o FireHouse! falei: “voce está
brincando!”, eu gosto muito deles e sei as músicas deles de cor. O Bill Leverty me ligou e conversamos um
pouco. Então, peguei meu computador e gravei “All She Wrote”. Gravei o baixo,
guitarra, cantei e programei a bateria. Mandei para o cara em duas horas, ele
perguntou “como você conseguiu fazer isso tão fácil?”. No dia seguinte os caras
me ligaram para me conhecer um pouco melhor. Eles gostaram da música que
mandei e eu tinha uma ótima recomendação do Robby. Ficaram de entrar em contato
novamente com a decisão. Fiquei aquela semana sem dormir direito, até que me
ligaram perguntando se eu queria ser o baixista deles. Ali foi o momento mais
importante da minha carreira, até por tudo o que aconteceu após isso. Fizemos o
primeiro show praticamente sem ensaio algum. Foi muito bom! o engenheiro de som
deles elogiou bastante. Logo depois já fomos gravar o Prime Time. Gravei um pouco
“nas coxas”, não tive tempo para elaborar muito, pois estavam com pressa.
Fiquei menos de um ano na banda. Tem duas versões, a minha e
a deles. Eles me disseram que queriam alguém que cantasse em um tom mais
alto, mas ninguém tinha reclamado até então, todos estavam gostando. A minha versão, e de várias pessoas que me
conhecem, é de que eles achavam que eu estava “aparecendo” muito. Eu tentava
fazer do meu jeito para deixar mais legal a performance da banda. O C.J. e o Michael sempre me
diziam que gostavam do meu jeito. Teve uma época que o C.J. e eu ficamos bem
amigos, ele sempre me ligava, me dizia que estava mais empolgado, com mais
vontade de tocar e até me disse que caso fizesse um cd solo, iria me chamar
para tocar no cd... Aí sem mais nem menos isso aconteceu. Um dia ele me
ligou dizendo que eu estava fora da banda, que tinham feito uma reunião e votaram. O C.J. disse que ele tinha votado para eu ficar na banda, mas como tinham uma democracia na banda... Penso que foi ideia do Bill.
Isso foi da noite para o dia?
Sim, do nada, fiquei muito surpreso. Estava curtindo, achava que estava tocando bem e achava que estava tocando com amigos. Eu não tinha nem recebido o cd que havia gravado (Prime Time).
Tive que pegar esse cd de um amigo meu. Em minha opinião, o Bill decidiu me
mandar embora por achar que eu estava competindo com ele no palco. Então tem
essas duas versões sobre minha saída...
DIO & WHITESNAKE - POR POUCO...
Fui despedido, mas decidi usar aquilo como um trampolim para entrar em outra banda,
ficou no meu currículo. Chegou uma possibilidade de entrar para o Whitesnake, era
meu sonho, adoro aquela banda, já tive duas oportunidades, mas não deu certo
porque não tive a chance de fazer um teste. O Doug Aldrich ficou encarregado
de fazer as audições. O próprio Coverdale tinha pedido a ele que procurasse alguém para que pudessem fazer testes.
Uma amiga minha trabalhava na empresa que agenciava o Dio na
época em que ele estava vivo e conhecia o Doug, que tocava com o Dio. Falei com
ela, tinha preparado meu material com um vídeo bem legal, inicialmente feito para enviar ao Dio, que estava procurando por um baixista. Mas quando eu terminei de
preparar meu material, o Dio já tinha encontrado um baixista. Então eu mandei
esse material de divulgação por ela para entregar ao Doug. Ele recebeu, ouviu e
retornou para ela imediatamente dizendo que eu era muito bom e que eu estava no
topo da lista dele. Então comecei a praticar as músicas deles, estava bem
feliz e justo nessa época eu sofri um acidente jogando beisebol, arrebentei toda a cara e
quebrei sete ossos. Não podia nem falar, estava com um buraco na
garganta para respirar, quase morri nessa porra (risos). Uma semana depois,
escutei na rádio que o Whitesnake tinha contratado um baixista, fiquei
surpreso. Liguei para minha amiga, ela conversou com o Doug, que disse que o
Coverdale tinha ouvido um cara tocando em um bar e o contratou. Fiquei puto, o
Doug até mandou pedir desculpas.
Aí passou um tempo e o Whitesnake voltou a precisar de um
baixista. Falei com o Doug para ele me dar a chance de fazer uma audição. Gravei
umas demos com músicas do Whitesnake e mandei . O Doug me retornou dizendo que tinha
achado muito bom, tinha enviado para o Coverdale e que me retornaria. Mantivemos contato, mas
descobri que o baixista que já estava com lugar garantido era muito amigo do
baterista. Já estava tudo engatilhado.
O Doug até se desculpou novamente e disse que o Coverdale pediu a ele para
manter contato comigo, pois tinha me achado muito bom. Tem um ditado que diz: "Third time's a charm". Então, quem sabe na terceira...
GOODBYE THRILL
Como começou o Goodbye Thrill? A banda está com planos para um novo álbum?
Dario com Marc Ferr |
Essa banda foi criada pelo John
Kivel, dono da Kivel Records.
Ele me contatou primeiro, pois tinha me visto tocar com o FireHouse e também tinha um guitarrista chamado Dean Cramer. Só precisava achar mais dois. Indiquei o Marc Ferr, disse que era ótimo músico e
vocalista e que excelente compositor. Ele conheceu o Marco e gostou bastante dele.
O Marco é foda. Ele está aqui há um bom tempo. O Marco já tinha várias músicas,
ele compõe muito. Na época, a gravação a distância ainda não era comum e o Kivel não queria pagar minha viagem
para ir à Nova York gravar. Então pedi para tirar meu nome, já que não era eu
que iria gravar. Durante os ensaios para o Melodic
Rock Fest, o baixista estava com muitas dificuldades para tocar e então
o Marc pediu para me chamar. Aí me ligaram, pagaram e eu toquei com eles aquele show. Foi bem legal,
bastante gente boa tocando. Depois disso fizemos outros shows, gravei o
segundo disco e agora estamos para gravar o terceiro, mas estamos com problemas com o nome da banda, pois o Kivel
está fazendo umas exigências que ainda estamos analisando. O cd já está quase
pronto, estou gravando o baixo aqui.
O Jack foi a pessoa que me deu o maior
elogio da minha vida, eu ainda estava com o FireHouse. Fizemos um show com L.A.
Guns e o Great White. O pessoal das duas bandas assistiu nosso show. O show foi ótimo, o lugar estava
lotado, eu fazia um solo de baixo, foi bem legal. No fim do show, estava suando e
fui pegar água. De repente, um cara colocou a mão em mim e me disse: “Cara, eu
nunca vi um baixista assim na minha vida”, era o Jack Russell. Achei demais, tiramos fotos e fiquei amigo do batera
deles na época, o Derrick. Mantivemos
contato, tocamos em bandas de covers juntos. Então depois de um tempo ele me
disse que o Jack estava com um projeto e perguntou se eu estava interessado,
disse que sim. Aí fui lá e o Jack gostou bastante de mim. Na época ele estava
mal, com um problema sério no intestino, por conta de remédios que ele tomava
para a garganta e fez um “buraco” no intestino dele. Ele estava deprimido,
bebendo bastante. A banda dele não aparecia para o visitar, ele estava de cadeira
de roda, e também teve o incêndio do show do Great White, que ele sempre se lembrava... Fiquei amigo
dele, sempre visitava o cara, falava para ele parar de beber, mas não adianta
quando alguém pede, tem que ser a pessoa mesmo. Até que o Jani Lane (Warrant)
morreu. Foi então que ele parou de beber, pois disse que seria o próximo se não
parasse. Foi o último dia que ele bebeu. Montamos a banda que era para ser a
banda solo dele. Ele iria voltar para o Great White, mas os caras do Great
White disseram que ele não estava pronto e fizeram uma lista de exigências como
condição para ele voltar. Uma das condições foi não tomar um medicamento que
ele tomava para a coluna, que o médico dele havia receitado! Então ele montou sua própria versão da banda e o nome agora está
sendo discutido na justiça, acho que em Julho vai ser decidido.
O Great White tem muitos fãs nos EUA, mas no Brasil parece não ser muito conhecido. Existem chances de tocarem aqui?
O Great White tem muitos fãs nos EUA, mas no Brasil parece não ser muito conhecido. Existem chances de tocarem aqui?
Tem umas
oportunidades aí, ouvi dizer que há chances de tocarmos aí este ano, mas não
estou por dentro. Minha vontade é grande, gostaria muito de tocar no Rio,
mas não sei se teríamos público lá. Talvez São Paulo, no sul... No Rio
infelizmente, precisa ser uma banda que teve música na rádio, hit em novela,
como o FireHouse. “I Live My Life For You” é mais conhecida aí no Brasil do que
aqui. Se não teve sucesso na rádio é mais difícil. “Once Bitten Twice Shy”
poderia ter sido. A gravadora até tentou, mas não colou.
Veja Dario em ação com Jack Russell's GREAT WHITE
http://seixas.com/
http://jacksgreatwhite.com/
Veja Dario em ação com Jack Russell's GREAT WHITE
http://seixas.com/
http://jacksgreatwhite.com/
GRANDE DARIO SEIXAS !!! CONHECI ESSE GRANDE CARA QUANDO ELE ESTEVE AQUI NO RJ COM O MARC FERR MEU COMPANHEIRO DE BANDAS , CARTOON E REACH OUT , E O GUS MONSANTO. ESPERO TE VER COM UMA GRANDE BANDA AQUI NO RJ !!!!!!
ResponderExcluirÉ camrada, as jorandas , as caminhadas são sempre bacanas, com ou sem obstaculos, maiores ou menores estes.... tanto faz, vai curtindo! Abração e, por ora , o beijo da Nina pra vc será intervenção minha mas, chegando aqui, é muitissimo provavel que os beijos jã nao tenham interemediario! :)
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