Falar de uma das bandas do coração é sempre bom, mas um pouco desafiador. O Pretty Maids é uma banda detentora de uma discografia sem máculas. Sempre nos brindando com hinos de melodia e peso, alternando entre o hard rock e o heavy metal, esta banda dinamarquesa figura em minha lista como um dos grandes do rock mundial. Entrei em contato com o baixista Rene Shades para saber mais sobre o novo cd e os planos da banda para shows, incluindo o Brasil. Para minha surpresa, Rene se mostrou um cara com grande senso de humor e inclusive afirmou ser um grande fã de Ayrton Senna. Coloquem um bom som, peguem uma cerveja (ou um café) e curtam esta entrevista! (Denis Freitas)
ENTREVISTA
Primeiramente, é um prazer poder conversar
com você. Você vive atualmente na Espanha? Por que Espanha?
O prazer é
meu Denis. Sim, eu sou dinamarquês, mas o clima na Espanha é muito melhor
(risos). Eu moro em Mallorca e vim para cá há 10 anos por diferentes razões e
acabei ficando. Eu sou um pouco cigano. Já morei em muitos lugares. Então, você
nunca sabe. No próximo ano eu poderia estar no Alasca (risos)
Quanto a atual crise econômica na Europa
tem afetado a Dinamarca? O seu país natal parece ter uma situação econômica
bastante sólida. É verdade que as crianças e adolescentes na Dinamarca tem
apoio financeiro do governo para estudar e viajar? Eu li em algum lugar que isso
acaba sendo um problema porque elas começam a trabalhar muito tarde e acabam
enfrentando dificuldades no mercado. Aqui no Brasil há um grande “gap” entre ricos e pobres, ainda que
esteja lentamente mudando...
Sim cara,
com certeza. Parece haver uma crise na maior parte do mundo ocidental e a
Dinamarca não é exceção. Acho que a diferença é que só chegou à Dinamarca um
pouco mais tarde do que, por exemplo, os países mais ao sul da Europa. E sim, é
verdade que o governo apoia com certos programas educacionais, mas pelo que tenho
ouvido ultimamente, aconteceram cortes em várias áreas. É um grande problema em
todos os lugares os ricos estão ficando mais ricos e os pobres mais pobres.
Acabei de ouvir que, se os jogadores de futebol da Espanha jogassem por um ano
de graça, então eles poderiam usar seus ganhos para socorrer e salvar a Espanha
de sua dívida. Isso apenas para se ter uma ideia, porém eu não sou político.
Mas que algo não está certo, não está mesmo.
Shades & Ronnie |
Guitarra é seu primeiro instrumento? A primeira
vez que tocou com Pretty Maids você tocava guitarra, certo? Você toca outros
instrumentos?
Sim, eu
sou um guitar man. É verdade que fiz
alguns shows com Pretty Maids em 2003 e acho que foi tocando guitarra. Foi,
digamos, em uma espécie de período de tranquilo para a banda, mas eu tinha
outros assuntos para cuidar e aquela formação não teve sequência. Eu acho que
realmente acabou sendo melhor. Mas respondendo a sua pergunta, eu toco
guitarra, baixo ... um pouco de piano, nada que valha a pena mencionar. Mas eu consigo
me virar com uma melodia no piano.
Pretty Maids tem alguns dos melhores
músicos na Europa. Como é poder tocar com Ken Hammer? Trata-se de um grande
guitarrista, além de sua técnica, ele é muito criativo. Como é o processo de composição?
Ah sim...
é um processo bastante aberto. Foi novidade para mim como funcionava, mas cada
um é livre para contribuir. Eu tenho uma sensação que eles estão mais abertos
hoje sobre essas coisas do que 20 anos atrás. Mas você tem que saber que eu conheço esses caras desde 92, então
já nos conhecemos muito bem, o que cada um gosta etc. Mas sim, Hammer é um
grande guitarrista. Ele e o Ronnie me deram crédito em uma das músicas que contribuo. Foi definitivamente um prazer fazer este álbum. Todos os caras são muito
bons músicos. Eu acho que Allan também deve ganhar crédito, pois ele constrói uma
forte base que faz o nosso trabalho muito mais fácil. Cara incrível.
O Pretty Maids faz grandes músicas e tem fãs
espalhados pelo mundo, mas a banda já não é mais jovem. Há bandas novas da
Dinamarca que você acha que poderiam ser tão grandes como o Pretty Maids no
futuro?
NÃO (risos).
Bem, a música não é uma competição ... exceto para todos esses programas de TV,
mas com certeza alguém vai chegar e nos surpreender, mas a questão é se eles
vão sobreviver no aspecto corporativo ... mas sim, existem muitos grandes
músicos na Dinamarca.
Apesar de ter fãs em todo o mundo (incluindo
o Brasil), o Pretty Maids parece concentrar seu trabalho principalmente na
Europa e no Japão. Vocês já tiveram convites para tocar no Brasil ou na América
do Sul? Vocês sabem da quantidade de fãs que têm por aqui?
Bem, este é um assunto sobre o qual temos conversado
muito ultimamente e realmente queremos ir. Por alguns motivos ainda não
conseguimos, mas temos trabalhado para expandir. Nós tocamos nos EUA, na Rússia
e no Japão no ano passado, então estamos realmente tentando ir à América do
Sul o mais rápido possível. Nós vemos o feedback
de fãs na América do Sul e, especialmente, o Brasil e nós realmente apreciamos
isso, mas eu diria que nós realmente não sabemos quantos fãs temos aí até ir e ver por nós mesmos. Tenho certeza que isso vai acontecer no próximo ano.
Novo álbum "Motherland" |
Sobre o novo álbum, "Motherland",
qual a diferença para você em relação ao álbum anterior "Pandemonium"?
O Pretty Maids parece ter bastante interesse no futuro e os problemas do mundo,
tendo lançado álbuns intitulados como: Future World, Sin Decade, Planet Panic, Wake
Up To The Real World, Pandemonium e agora Motherland. A capa também dá esta
impressão...
Bem, primeiro de tudo, eu não sei o que você acha, mas eu
amo a arte da capa. Eu acho que Ronnie tenta escrever sobre o que está na mente dele e o que se passa no mundo, mas eu acho que ele sempre acerta uma linha
tênue entre falar sobre isso e não pregar a ninguém e tenta forçar suas
opiniões sobre as pessoas. Eu admiro isso. Mas, para ser honesto, no fim do
dia é apenas rock and roll cara. E se você conseguir fazer algumas boas letras,
então eu acho que você conseguiu algo especial. E eu acho que Ronnie é bom em colocar
letras nas canções sobre coisas relevantes, amor, política ou o que quer que
seja. Ele geralmente acerta. Acho que o novo álbum difere no baixo,
que é fantástico! (risos). Não, sério, talvez seja um pouco mais pesado e nervoso...
E mais melancólico, mas às vezes também mais suave. Eu tenho que dizer que
estou orgulhoso de ser parte disso. É uma honra tocar nesta banda. Eles foram a
primeira banda na Dinamarca a fazer sucesso internacional e eles ainda estão
aqui servindo 30 anos depois. Incrível.
Vídeo de "Mother of All Lies"
Quais são suas influências como músico? (guitarra e baixo). E quanto a bandas?
Essa é a pergunta mais difícil sempre. Bem em primeiro lugar, Elvis abriu o meu mundo. Mas eu tenho que dizer que GARY MOORE será sempre o guitarrista mais importante nesse mundo. Mas é claro que existem muitos. Como baixista eu sempre gostei dos que tocam orientados para a música. Deixe me ver, tem Phil Lynott... Acho que acabei na banda certa (risos) ... mas para ser honesto há tantos que é difícil de apontar um. Outro baixista fantástico que não é famoso, mas toca em vários grandes álbuns, é um cara chamado Paul Bushnell. Cara incrível e grande baixista. Eu também curto muito a cena country rock, onde encontram-se alguns músicos fantásticos. Keith Urban, Brad Paisley. Mas meu gosto é muito variado, eu adoro música. Alterbridge a Elvis ... e tudo mais (risos).
Você tocou com Mike Tramp no White Lion, ainda tem contato com ele?
Sim, eu toquei com Mike e permanecemos amigos desde então. Nos encontramos recentemente para um jantar um pouco anos antes dele começar sua turnê e desejo-lhe o melhor. Ele luta pelo rock and roll e eu respeito isso profundamente. É muito mais difícil agora do que jamais foi.
O que você faz no seu tempo livre?
Eu não consigo ficar parado, então eu escrevo música para
outros projetos e toco quando eu posso. Faço um show aqui e ali. E eu tenho o
meu próprio estúdio onde passo bastante tempo. Tempo demais. Também como hobby eu adoro qualquer coisa que tenha
velocidade... Carros de corrida e outros.
A Dinamarca marcou minha adolescência por causa de Michael Laudrup e a grande seleção dinamarquesa
de futebol. Você gosta de futebol? Como está o futebol dinamarquês atualmente?
Eu amo futebol! Bem, se você é um cara da Dinamarca, não
tem como não saber do Laudrup, a não ser que tenha sido congelado para viver no
futuro. Sim, Laudrup foi o maior de todos os tempos e eu tive muita sorte de
encontrá-lo várias vezes porque ele era treinador do Mallorca. Grande cara,
muito humilde e verdadeiramente uma boa pessoa. Não tenho certeza sobre a
equipe dinamarquesa agora. Na época eles eram gigantes. Agora eu acho que nós
precisamos de grandes personalidades na equipe que possam conduzir e inspirar
outros a fazer grandes coisas. Tenho de acrescentar, já que estamos no assunto esportes... que o meu maior
ídolo de todos os tempos foi e é Ayrton
Senna! Inclusive, eu tenho seu logotipo tatuado no meu braço. E eu amo o
que a Fundação Senna está fazendo
para as crianças no Brasil. Seu legado vive até hoje. Então, seria uma honra
para mim poder visitar seu terra natal.
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