VINNY BURNS
Há tempos que eu queria conversar com Vinny Burns, guitarrista britânico que admiro bastante por seus ótimos trabalhos, principalmente com DARE e TEN. Além disso, ele também já tocou com a grande banda ASIA nos anos 90. Alguns meses atrás o nome de Vinny ressurgiu na divulgação de uma nova banda, THREE LIONS, com Greg Morgan na bateria e Nigel Bailey nos vocais. Pelo que se ouve nos trechos das músicas de divulgação, será um álbum de qualidade e promete bastante. Entrei em contato com Vinny, que prontamente me atendeu e deu vários detalhes do álbum. Espero que gostem! (Denis Freitas)
ENTREVISTA
Olá Vinny. Você gravou o THREE LIONS em seu
estúdio?
Oi
Denis, sim, eu gravei todas as guitarras no meu estúdio Viper Room. Eu tenho
vários amplificadores grandes e antigos aqui e posso usá-los bem alto e obter
os sons clássicos. A ideia para mim era para fazer um álbum de sonoridade
bastante moderna com um equipamento “old school”. Dois amplificadores Marshall vintage
dos anos 70 para guitarra rítmica e um velho Mesa Boogie de 1988 para solos. Usei
minha Les Paul de 78 principal para 95 % de tudo lá. Tive uma ideia anos atrás
de fazer isso e eu sabia por tocar esse tipo de equipamento em casa que seria
possível usar este equipamento velho clássico para obter um álbum de sonoridade
moderna.
Não foi
muito diferente de como eu tirei os sons de “Blood From Stone” com DARE, só que
eu voltei para o som de solos de “Out Of The Silence”.
Alessandro Del Vecchio produziu. Por que você
não foi o produtor?
Foi a
Frontiers Records e Ale que surgiram com a ideia de juntar Nigel e eu. Então
partiu daí no que diz respeito à produção. Funcionou muito bem. Ale nos deixou
sozinhos para começarmos as coisas. Ele entrou em jogo quando ele não estava
feliz com certas coisas em um arranjo como uma parte que precisava cortar. Ele
também trabalhou em todos os vocais e backing vocals com Nigel em Milão. Não foi
uma situação onde você teve um produtor no seu pescoço o dia todo, eu só fui ao
meu estúdio sozinho e fiz as guitarras e teclados como os ouvi. Eu mandava um mp3
para os caras e Ale para ver o que eles pensavam. Ele iria dizer sim ou não. Eu
tenho feito isso por tempo suficiente para saber como fazer um álbum, mas, às
vezes, você acaba indo pelo caminho errado e precisa de alguém para orientá-lo
de volta ao caminho.
Uma vez
que terminamos as gravações, enviamos a Ale todos os arquivos e ele acrescentou
alguns de seus teclados. Especialmente quando um tecladista 'de verdade' foi
exigido. Para minha surpresa ele manteve a maior parte dos meus teclados. Eu
pensei que ele iria substituir tudo (risos).
É
sempre bom ter alguém de fora produzindo, pois eles podem ver as coisas muito
mais claras do que a banda. Quando você está chegando ao fim de um álbum, você
tem uma “visão de túnel” e é bom ter perspectiva de manter as coisas nos
trilhos. Ale também é fantástico para motivar pessoas. Ele está sempre feliz e
positivo, o que é necessário. Ele aceita todas as ideias e nunca deixa de fazer
por qualquer coisa, mas ele pode ser firme quando precisa ser.
Pelo que se pode notar na divulgação, o álbum
tem algumas guitarras bem altas e mais rápidas. Estamos acostumados a ouvir os
seus riffs e solos melódicos e de certa forma "calmos"...
Existe
uma grande quantidade de luz e sombra neste álbum. Nós cobrimos tudo o que
queríamos cobrir. Baladas suaves ao hard rock. Está lá. Tudo isso soa como THREE
LIONS, mas tem uma grande variedade.
Nigel Bailey tem uma voz muito legal,
alcançando notas mais altas e sua voz é talvez mais potente do que as de Darren
Wharton ou Gary Hughes, que também têm vozes muito boas, mas diferentes. Isso
te dá mais opções para compor? Qual o histórico dele?
Nigel é
um cantor de nível mundial. Ele realmente é. Eu não quero compará-lo com
Darren ou quem quer que seja. Não há necessidade. Ele não substituiu ninguém em
uma banda anterior. Esta é uma nova banda e Nigel é, definitivamente, do mais
alto nível como vocalista. Quando eu ouvi pela primeira vez a sua voz eu pensei:
“Onde ele estava há 20 anos quando eu estava procurando começar uma nova banda
após o DARE? (risos)”. As coisas acontecem do jeito que acontecem e aqui
estamos nós, 20 anos depois, THREE LIONS. Eu honestamente não posso entender
como ele nunca foi descoberto antes. Ele tem uma grande voz. É como uma espécie
de desafio do rock'n'roll para ele no momento ter que acelerar neste fim da
indústria da música, mas ele toca há muitos anos, então ele sabe como trabalhar
com o público e tem um desempenho de primeira classe. Todos nós aprendemos a
nossa arte em pubs e clubes do norte ao sul do país. É onde você experimenta
praticamente todas as situações que se apresentam em turnês maiores. Ele fez
tudo isso e sabe o que está fazendo quando ele está lá em cima. Nós não
abordamos as coisas de forma diferente do que qualquer um faria normalmente.
Inicialmente, nos sentamos para uma xícara de chá e discutimos como queríamos
que soasse. Acho que foi importante, pois tínhamos uma visão do que queríamos e
as coisas evoluíram daí. Nós jogamos algumas ideias e todo mundo mostrou o que
tinha. Muito rápido e muito espontâneo.
THREE LIONS - Greg Morgan, Nigel Bailey e Vinny Burns |
Eu
nunca tenho quaisquer expectativas do que um álbum vai fazer. Tudo o que você
pode fazer é colocar 100% em e ficar feliz com o que você criou e, depois
disso, está tudo fora de seu controle. Eu tenho um instinto sobre as coisas. Eu
sabia que tinha um grande álbum em “Out Of The Silence” com DARE. Mesmo com o
primeiro álbum do TEN. Você sabia que havia algo de especial, mas também senti
sobre o álbum do BURNS BLUE. Foi o meu favorito desde “Out Of The Silence”, mas
a gravadora faliu no Reino Unido algumas semanas do lançamento e nunca
aconteceu nada. Pelo o que eu entendo, contanto que você esteja feliz com todo
o álbum e você conseguiu o que você queria alcançar, então você pode viver com
ele, não importa o que aconteça. Se você tentar adaptar o seu álbum para as
tendências atuais e o álbum não dá certo, você nunca sabe o que poderia ter
acontecido se você tivesse sido fiel ao que você realmente queria. Eu tenho
um sentimento muito bom sobre este.
Você tocou com a ASIA entre 92 e 93. Como foi
a experiência para você? Do nosso ponto de vista aqui eles parecem ser uma
banda muito grande. Você sentiu isso? Houve alguma pressão?
O ASIA
foi fantástico. Era uma banda enorme para entrar na época. Eu viajei por todo o
mundo com o ASIA e foi uma experiência fantástica. Acho que houve muita pressão
no momento, mas você acaba lidando com isso e segue em frente. Os caras da
banda eram ótimos. Tivemos um mês de ensaio antes de iniciar uma turnê mundial
começando no Japão, Rússia e Europa na sequência e, em seguida, fizemos algumas
turnês norte-americanas e canadenses. Bons tempos. É um mundo tão pequeno. Geoff queria produzir o primeiro álbum do DARE. John conhecia um monte
de gente que eu conhecia e Mike Stone era um amigo em comum também. Fizeram-me
sentir muito bem-vindo e foi um grande momento.
Vinny em show nos EUA com o ASIA |
Um tempo atrás eu falei com Darren Wharton
sobre o novo álbum do DARE. Vocês estão trabalhando juntos?
Novas bandas britânicas como o VEGA
têm feito coisas muito boas e hoje em dia você produz bandas em seu próprio
estúdio. Você conhece alguma nova banda de hard rock mais atual que poderia
mudar o jogo e talvez trazer de volta o rock para a grande mídia?
Bem,
para ser honesto, meu estúdio é o meu próprio estúdio privado. Eu recebi meus
bons amigos do THE BEAUTIFUL SLEAZY para gravarem seu álbum debut um tempo
atrás. Eu produzi para eles, mas foi um favor porque eles são amigos. Eles tiveram
o álbum e eu consegui testar se tudo no estúdio estava funcionando corretamente.
É muito bom ver novas bandas surgindo e melhor ainda que estão sendo apoiados e
aparecendo. Gosto dos caras do VEGA. Tomei algumas cervejas com eles ao longo
dos anos. É realmente bom ver a próxima geração que são tão apaixonados pela
música que eu cresci ouvindo. Alguém novo para carregar a tocha e levá-la para
diferentes públicos.
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